CAPÍTULO 7
Pelo fato de minha infância ter sido de uma beleza indiscutível, sempre que posso apresento um dos brincares de minha época a todas as crianças que vou conhecendo pela estrada da vida.
Assim, arregaçar as calças para descalços ficarmos enquanto se molha os pés na água num leve balançar é momento de farra garantida.
Atravessar correnteza de água em dia de enxurrada também traz alegria para a criançada. Com meias e calçados ou descalços a arte de brincar com água é para ser experimentada. Foi assim que eu também já brincava desde menina.
Até ficar com os pés em bacias ou em baldes com água refrescava quando não se podia nadar. E mesmo quando a chuva me pegava desprevenida, lá vinha eu sem pressa de chegar.
Dia desses tive a alegria de presenciar dois amigos por volta de seus sete anos que também sairam na chuva só para com a água brincar; às gargalhadas é claro!
Assim como a chuva é parte desta natureza que muda a toda hora, assim também são as crianças em sua natureza pura de saber aproveitar o qua cada dia nos oferece como surpresa diária.
As risadas destes alegres rapazinhos ecoaram em pleno dia de trovoada.
Pisando nas poças de água que se avolumavam a cada tromba dágua eles, como eu em minha infância, se divertiam com o que esta natureza oferecia.
Aproveitar um dia de chuva, um dia ensolarado ou mesmo um chuvisco de verão no meio da tarde é vivenciar plenamente uma infância de verdade.
Não há brinquedo neste mundo que traga maior alegria do que o que esta natureza pode oferecer. E o que é melhor: é de graça!
Os sons que podemos receber desta natureza para criarmos melodias é de uma rara infinidade. Certa vez, na companhia de algumas crianças, vivenciei um momento de muita criatividade quando batucamos na água e acabamos descobrindo que havíamos formado uma original melodia. Confesso que nos sentimos todos artistas de fato.
Outra vez foi quando eu e mais uma espivetada e alegre menina amigona minha resolvemos brincar com água.
Estávamos dançando e cantando enquanto íamos molhando o chão por onde pisávamos. Nos sentimos coreógrafas inovadoras em tal momento de novas descobertas. E com elas, novas risadas surgiam!
A arte foi se ampliando a ponto de ficarmos ensopadas, mas a alegria de tal momento de criatividade lembramos até hoje quando nos encontramos de novo.
Ela com oito anos e eu com minha maturidade revezamos idéias recheadas de novidades apenas tendo como base, a água.
Jogamos água para o alto, rodopiamos em círculos com as mãos em conchas repletas de água que mais escorriam por entre os dedos do que faziam o quadro que queríamos ficar impresso no chão. Nos sentimos pintoras modernistas!
Porém nossa criatividade ia sendo estimulada a cada nova tentativa de descobrir o que mais daria certo ao usarmos somente a água.
Além de nos divertirmos, esta garota e eu nos expressamos através de verdadeiras obras de arte que fizemos pelo piso enquanto simplesmente brincamos com água ao dançarmos livremente em pleno ar puro.
O fato de termos ficado molhadas; bem; além de ser tarde de um verão escaldante foi o que mais nos rendeu sonoras gargalhadas.
Quem passava até parava para sorrir diante de nossa sublime felicidade.
E tudo isso graças ao que esta tão nobre natureza nos oferceu naquela tarde inesperada.