CAPÍTULO 5
Era dia de folia em pleno gramado.
Estávamos lá, eu e muitos amigos e amigas de várias idades escorregando pelo gramado abaixo.
Alguns deciam correndo em pé enquanto outros rolavam de lado.
No entanto, alguém descobriu que colocando uma base de folhas grandes por debaixo, bastava sentar para se sentir em pleno escorregador de um parque gigante.
Apostamos corrida, criamos diferentes jeitos de rolar, sendo que um dos mais interessantes que já vi foi o que inventou um amigão meu; pois ele, ao usar sua imaginação, fez de conta que dirigia um caminhão.
Com isso, ele despertou a criatividade em toda a moçada.
Até de barriga pra baixo alguns se atreveram a descer o morro.
Outros amiguinhos ainda tiveram a coragem de descer quase de ponta-cabeça só por inventarem algo mais diferente.
Sentados de lado, deitados de costas ou de mãos dadas, todos nós revezávamos as parcerias, porém o mais engraçado foi a gritaria que causamos em pleno gramado.
Depois de experimentarmos fazer duplas havia chegado o grande momento de vivenciarmos descer pelo barranco de grama todos unidos de mãos dadas.
O difícil foi só sincronizarmos a largada.
Era um tal de repetirmos um, dois, três e já, que até perdi a conta.
No entanto, além de nos render muitas gargalhadas, uns ajudavam os outros na hora de subirmos o íngreme morro.
Foi neste dia que percebi o tamanho da força da amizade.
As crianças mais velhas puxavam os menorzinhos; uns eram irmãos, outros não; e como se isso não importasse era quem estava ao lado que puxavam para ajudar a subir.
Nunca vi tanta solidariedade como neste dia.
Também pudera!
Quanto mais rápido todos subissem mais tempo nos restava para criar novos jeitos de escorregar uma vez que se ficasse alguém pelo caminho éramos obrigados a esperar.
Ainda mais os pequeninos!
Brincar no gramado faz mesmo parte da infância!
Algumas crianças até tiraram os sapatos; ou melhor; os tênis, os croques, as sandalinhas, etc e tal, para sentirem melhor a grama sem escorregar onde nem era necessário.
É claro que fui a primeira a dar o exemplo; afinal, caminhar descalço traz maior firmeza e leveza ao se brincar na natureza. E isto eu comprovo desde meu tempo de menina.
A diversão se tornou tão espetacular que passamos repetindo a façanha por muitos e muitos dias seguidos.
Nosso ponto de encontro em tal ocasão; já se sabia; era lá no morro gramado.
Com tais vivências, as crianças foram desenvolvendo sua coordenação motora de tal forma que a cada dia pude observar maior destreza e agilidade em cada uma delas.
É impressionante como brincar livremente na natureza estimula o desenvolvimento desta criançada. Além é claro de todos, independente de sua idade, estarem convivendo como grupo só por terem uma simples e natural brincadeira em comum.